O Desafio inicia-se em Amarante, apelidada d’A Princesa do Tâmega. Local mágico de encontro de gerações onde interagem a cultura, a história e tradições. Percorrendo trilhos com milénios de história, outros já seculares depara-se com uma subida e descida desafiantes e está-se em Canadelo.
Povoação serrana encaixada no maciço montanhoso oeste e onde se reconhece ainda hoje uma identidade muito tradicional, essencialmente na pastorícia. Aqui se inicia verdadeiramente o desafio na descoberta destas serranias. O caminho orienta-nos para o desconhecido e a descida pelas fragas da ribeira das Covas exige concentração. Depois de uma pequena fonte, as minas de Sobrido. A sua exploração foi a origem da pequena aldeia de Canadelo; utilizaram aí os fornos da cal para fazer o calcário que serviu para a construção da linha férrea do Tâmega. Mas aqui o seu ex-libris é uma levada de água, toda ela contruída em pedra. Éis o rio Olo, muito convidativo a mergulhos em dias quentes. O Trilho desenrola-se agora na serra da Meia Via, uma curta e dura subida leva-nos até às Cristas. Da aldeia de Mouquim (lá no alto) toma-se um caminho secular até à tão afamada “ponte de arame”. Atravessa-se o rio Olo, e entra-se logo no Reino Maravilhoso. Está-se na serra do Alvão e brinda-nos a típica aldeia de Tejão . A subida p’rá torre de vigia é de fácil progressão, e no planalto da Portela da Louseira, se de dia, convida-se a que afrouxe, respire fundo e contemple. É a mais bela varanda para admirar: o Planalto de Vaqueiros (1311m), as cascatas das Fisgas de Ermelo e o Monte Farinha (947m, que tem como ícone o Alto da Senhora da Graça). Entranha-se serra abaixo e após uma antiga exploração mineira, um trilho chamado de inca prepara o corredor para o encanto de Chão de Rosso. Está-se só de passagem tal como já estiveram em outros tempos os ursos ibéricos; as silhas recordam-no. Surge a bucólica aldeia de Pardelhas. Perdida no tempo e da modernidade prepara o atleta para o troço mais exigente do desafio. Da cumeada do Monte Velão a Pena Suar erguem-se ventos tempestuosos. Não é Adamastor, não. Sim o Alvão e o Marão que brigam e medem forças. O atleta abriga-se no Alto de Espinho e ataca o Alto das Veias e o Portal da Freita (1344m). A tormenta dá tréguas. Entranha-se por um bosque de bétulas. Na aldeia de Montes as gentes são muito afáveis, tal como em Cotorinho. A beleza dos bosques que ladeiam o rio Moinhos retempera as forças para atacar o KM Vertical do Marão. Está-se ainda a meio da subida e depara-se com uma monstruosa parede pela frente. Rodeiam-nos penhascos rudes, agrestes, agressivos e selvagens. Resiliência. A luta expande a raiva, mas a alma aconchega-se. Este é o seu Reino. Surge o Observatório Astronómico. Conquistamos o ponto mais elevado da cordilheira, o Vértice do Marão (1416m). E somos confortados no refúgio da Senhora da Serra, onde os mais vigorosos são convidados a seguir viagem.